Cada carro carrega uma história única, que leva a lanternas traseiras também diferentes. O aspecto mais simples é o do TT: a forma trapezoidal remete à primeira geração de 1998, quando o estilo caminhava rumo a formas singelas e retilíneas. A mudança dos tempos se vê mais em seu desenho externo do que no interno. No Mustang, o formato de três barras verticais faz remissão ao passado — a Ford aproveitou para criar uma faixa preta entre elas, que destaca o logotipo. Ele, aliás, não traz o emblema da Ford em lugar algum. O Camaro segue o visual dianteiro e exibe luzes retangulares e de perfil baixo, que direcionam o destaque à parte inferior da carroceria. Já o F-Type investe em um formato esguio, com perfil horizontal e bem baixo.
Carros esportivos são desenhados com mais liberdade, que cria diferenças notáveis até em regiões como essa. F-Type e TT têm “ombros” largos, mas curvados: isso faz a carroceria parecer larga, sem chamar atenção. Esse efeito fica mais intenso no Jaguar porque sua região central, onde está o vidro, é bem mais estreita que a média até mesmo de esportivos. Camaro e Mustang apostam em “músculos” mais pronunciados, de modo que as transições entre um lado e outro são mais marcadas. Isso é mais forte no Ford pelas lanternas mais altas. Formas retilíneas com vincos fortes colaboram com a sensação de imponência — e de ostentação, que seu público-alvo adora.
Camaro, F-Type e TT usam lanternas de perfil baixo, então a seção inferior da traseira fica em evidência. Para essa grande área de carroceria vazia, precisa-se usar o jogo de vincos e cores. Nota-se que, quanto mais estreitas as luzes, mais espessa fica a região pintada de preto. As de Camaro e TT são convencionais, ao passo que a do F-Type chega a dominar o estilo dessa região. No Mustang a região dominante da traseira é a superior. Assim, a inferior tem o estilo mais discreto do quarteto. Para o suporte da placa todos aqui usam a receita antiga, que dita destacá-lo para preencher a área vazia abaixo das luzes.
Na cabine, o console central difere muito de um modelo para outro. O do F-Type tem o desenho mais vertical e uma barra diagonal que faz forte divisão, como se a intenção fosse impedir o passageiro de acessar o console. Os outros adotam formas mais convencionais e desenho geral horizontal, que rebaixa o painel, arranja os componentes do console de modo mais acessível ao passageiro e evita centralizar os comandos em uma espécie de torre. O Mustang se destaca pela espessa faixa escovada.
As centrais de áudio chegaram aos esportivos com a mesma importância que em modelos de vocação urbana. No entanto, Camaro e F-Type têm painel baixo, que ostenta a tela na posição mais alta possível. O do Mustang, mais tradicional, carrega sua tela em posição inferior, abaixo dos difusores de ar. O caso do TT é especial: ele só tem tela no quadro de instrumentos, de modo que o seu painel é o mais baixo de todos. Nenhum usa tela central isolada acima do console, que não combina com carros feitos para andar rápido.
Aqui, passado e presente entram em conflito — a vontade de honrar a fama dos antecessores de décadas atrás e a de desfrutar o avanço da eletrônica. Mustang e TT oferecem quadro de instrumentos como uma tela grande e de alta definição, que pode ser configurada, e o Ford a incrementa com gráficos que remetem aos anos 60. Camaro e F-Type recorrem a mostradores analógicos com grafia moderna e a telas centrais, embora menores.
Pela análise de estilo é possível perceber a evolução dos carros-pônei — que deixaram de ser despojados, mas estão fazendo um belo esforço para preservar sua identidade visual — e a tentativa dos fabricantes de adaptar seus carros aos gostos de vários tipos de clientes, não só apenas os da terra natal. Tudo isso ajuda esses esportivos a repetir o sucesso de vendas em diversos países e isso, em consequência, garante mais e mais anos de vida a modelos que arrancam suspiros de muita gente.
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