Fiat e Nissan chegariam juntos em uma hipotética competição de 0 a 100 km/h, assim como ficam próximos em retomadas; o Toyota segue sempre em último
Desempenho e consumo
Qual das transmissões funciona melhor quando se trata de desempenho e consumo? Embora os carros e motores não sejam iguais, os resultados apontam algumas características. O mais rápido em acelerações foi o Uno, apesar de menos potente que o March (usamos gasolina nos três carros), mas eles empataram no tempo de 0 a 100 km/h: 10,5 segundos. O Etios ficou distante de ambos com 11,9 s na mesma prova, evidência das limitações da caixa de quatro marchas. As retomadas também apontaram melhores tempos para Uno e March, alternados.
Ao sair forte com o Nissan, a CVT eleva a rotação de modo gradual até 5.700 rpm e então a estabiliza, sem produzir as oscilações que alguns fabricantes têm criado (como a Toyota no Corolla) em busca de uma sonoridade mais agradável nessa condição. Curiosamente, é o mesmo regime máximo para trocas de marchas automáticas no Etios, um bom valor em ambos os casos, pouco acima dos picos de potência. Os dois têm igual rotação máxima de saída (estol) de 2.400 rpm. No March não fez diferença em tempo usar a posição normal (D) ou a reduzida (L) nas acelerações e retomadas.
O Fiat pode sair a até 2.000 rpm, mas não se recomenda acelerar com carro freado, por se tratar de embreagem e não conversor de torque. As trocas automáticas são feitas a até 6.000 rpm, ponto de maior potência com gasolina (6.250 com álcool); em modo manual ele chega a 6.500 e não faz a mudança para cima.
O March brilhou em economia com resultados entre os melhores já obtidos em nossas medições, como 15,8 km/l no trajeto urbano leve — as baixas rotações permitidas pela CVT o favorecem. Em rodovia a vantagem sobre o também moderado Uno foi menor, pois nas subidas o giro subia de 2.000 para até 3.500 rpm para manter 120 km/h. Mesmo assim, em média sua rotação foi menor que no Uno (3.350 rpm em quinta marcha, na qual permanecia nos aclives) e no Etios (2.800 em quarta e 4.000 em terceira, à qual recorria com frequência e por longo tempo). Marchas de menos e calibração ineficaz de caixa explicam em grande parte o consumo mais alto do Toyota nas três condições, em particular em rodovia.
O tanque maior deixa o Uno com a maior autonomia em qualquer condição. Os dos adversários são pequenos demais: com 41 litros no March e 45 no Etios, podem não incomodar no uso com gasolina, mas certamente o fazem ao abastecer com álcool, em que os valores da tabela cairiam cerca de 30%.
Uno | March | Etios | |
Aceleração | |||
0 a 100 km/h | 10,5 s | 10,5 s | 11,9 s |
0 a 120 km/h | 14,9 s | 15,8 s | 17,1 s |
0 a 400 m | 17,7 s | 18,2 s | 18,9 s |
Retomada | |||
60 a 100 km/h* | 8,6 s | 8,9 s | 9,3 s |
60 a 120 km/h* | 12,8 s | 12,6 s | 15,4 s |
80 a 120 km/h* | 9,5 s | 9,8 s | 12,2 s |
Consumo | |||
Trajeto leve em cidade | 14,7 km/l | 15,8 km/l | 13,6 km/l |
Trajeto exigente em cidade | 8,8 km/l | 8,6 km/l | 7,1 km/l |
Trajeto em rodovia | 15,1 km/l | 15,6 km/l | 11,8 km/l |
Autonomia | |||
Trajeto leve em cidade | 635 km | 583 km | 551 km |
Trajeto exigente em cidade | 381 km | 317 km | 288 km |
Trajeto em rodovia | 652 km | 576 km | 478 km |
Testes efetuados com gasolina; *com reduções automáticas; melhores resultados em negrito; conheça nossos métodos de medição |
Dados dos fabricantes
Uno | March | Etios | |
Velocidade máxima | 177 km/h | ND | ND |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 10,6/9,8 s | ND/10,6 s | ND |
Consumo em cidade | 13,2/9,3 km/l | 12,0/7,8 km/l | 11,9/8,1 km/l |
Consumo em rodovia | 13,7/10,1 km/l | 15,0/9,8 km/l | 13,2/9,2 km/l |
Gasolina/álcool; consumo conforme padrões do Inmetro; ND = não disponível |
O March brilhou em economia ao fazer mais de 15 km/l em dois dos trajetos de medição, seguido pelo Uno; a caixa de quatro marchas desfavorece o Etios
Comentário técnico
• A nova linha de motores Firefly da Fiat representa avanços importantes para o Uno, primeiro modelo a adotá-la (o Mobi acaba de receber o de 1,0 litro). A versão de 1,35 litro é a de 1,0 litro com um cilindro a mais, quatro em vez de três, em uma construção modular que corta custos de produção e facilita a oferta de peças de reposição, pois muitas peças móveis são iguais para ambas.
• Os três motores do comparativo usam bloco de alumínio, variação de tempo de abertura das válvulas (apenas de admissão no March, também de escapamento nos outros), acionamento do comando por meio de corrente (mais robusta que a correia dentada e que dispensa manutenção) e preaquecimento de álcool para partida a frio. Chamam atenção no Fiat e no Toyota as taxas de compressão bem altas (13,2:1 e 13:1, na ordem), que favorecem o uso de álcool, enquanto a do Nissan (10,7:1) poderia ser mais elevada até se ele usasse apenas gasolina.
• A transmissão automática de variação contínua (CVT) do March segue em princípio a do Sentra, mas é uma caixa mais leve, apropriada para o motor de menor torque. O uso de conversor de torque para as saídas garante maior robustez em condições severas, como subidas íngremes e frequentes, que a embreagem usada por algumas CVTs, como a do Honda Fit de primeira geração.
• Uma das vantagens da CVT é a grande variação de relações, calculada pela divisão numérica da mais curta pela da mais longa disponível: 8,9 no caso do March ante 5,3 da automatizada do Uno e apenas 4,1 da automática do Etios. Esses índices explicam como o Nissan pode cruzar rodovias a 120 km/h com o motor ao redor de 2.000 rpm, contra 2.800 do Toyota e 3.350 do Fiat, sem prejuízo ao ganho de rotações ao arrancar em subida rigorosa.
• Comparado ao Uno Attractive de 1,0 litro, o Way 1,35 tem suspensão elevada e recalibrada e pneus de uso misto maiores (175/70 R 14 em vez de 175/65 R 14), o que o deixa com vão livre do solo de 190 milímetros, mais 25 mm que na outra versão. As relações de transmissão não mudam em relação ao Sporting, hoje o único outro Uno com este motor.