Três modelos contemporâneos, três belos desenhos para um SUV; as rodas de 21 pol dessas versões valorizam a aparência de Ford e Volvo em relação às 19 do Audi
Concepção e estilo
Os três modelos têm históricos semelhantes: foram lançados entre 2007 (Edge) e 2008 (os demais), chegaram pouco depois ao Brasil e passaram à segunda geração em 2016 ou 2017 (XC60). Audi e Volvo começaram no segmento de utilitários esporte com os modelos maiores Q7 e XC90, descendo depois para este segmento, enquanto a Ford tinha longa tradição no setor — o Explorer, em produção desde 1990, é bom exemplo —, mas sua oferta em SUVs com plataforma de automóvel começou com um modelo menor, o Escape de 2000.
Em todos os casos, as gerações atuais mostram linhas mais robustas e imponentes que as anteriores, reflexo das tendências dos últimos anos. O XC60 e o Q5 são mais fiéis aos elementos de estilo dos originais, caso das lanternas traseiras, que são elevadas no Volvo e integradas à tampa no Audi. O Edge abriu mão da semelhança com o anterior em nome da esportividade. Os três conseguem ótimo resultado em termos de aparência.
O coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,32 é compartilhado por Q5 e XC60, enquanto o Edge não tem dados disponíveis.
Interiores muito bem-acabados, mas diferentes em soluções como a tela central: vertical no XC60, horizontal nos demais e com comandos no console (em vez de toques na tela) no Q5
Conforto e conveniência
Os interiores são muito bem-acabados e agradáveis, com plásticos suaves e de ótimo aspecto. O revestimento de bancos usa simulação de couro no Audi, couro e tecido no Ford e couro e camurça sintética no Volvo, esta a melhor solução a nosso ver. O motorista encontra grande conforto nos três, com banco amplo, bem definido e com regulagem elétrica que inclui apoio lombar — conveniência que se estende ao do passageiro ao lado. No XC60 há ajuste elétrico até do apoio às coxas (que no Q5 é manual) e memória para os dois bancos, ante apenas o do motorista nos rivais. Ele e o Edge trazem ventilação nos dianteiros e aquecimento tanto à frente quanto atrás. Fato curioso: o modelo sem ventilação nos bancos é logo o que usa o revestimento mais quente sob o sol tropical, o Q5.
Audi e Volvo adotam quadro de instrumentos em tela de 12,3 pol, mas o primeiro permite configuração bem mais ampla, como mostrar o mapa de navegação em quase toda a área e reduzir o velocímetro e o conta-giros para abrir espaço a outros dados. O mapa de aplicativos de celular como Waze, porém, não pode ser exibido ali. No XC60 as escolhas afetam a seção central, o grafismo e podem trocar o conta-giros por um indicador de uso de energia, conforme o modo de condução selecionado. Outras informações do sistema híbrido são monitor de carga da bateria e mostrador da eficiência na frenagem, que ajuda a obter o máximo de regeneração de energia (ao pisar mais forte no pedal, acionam-se os discos e não apenas esse meio eficiente de desaceleração).
O quadro do Edge tem velocímetro fixo, analógico, e seções laterais com várias funções. Apesar da variedade de informações no lado esquerdo, incluindo pressão dos turbos e divisão de torque entre os eixos (únicas no grupo), é mais trabalhoso alterná-las e poucas são exibidas em simultâneo. Seria melhor liberar a seção da direita para parte das funções, de modo que o mostrador dos turbos e o conta-giros circular, por exemplo, aparecessem ao mesmo tempo. Só o Audi indica temperatura do óleo lubrificante. O computador de bordo do Volvo deveria mostrar consumo no padrão brasileiro (km/l), cuidado que os outros tiveram.
Ajuste elétrico dos bancos inclui apoio lombar e, no Volvo, até o suporte das coxas; todos são bem espaçosos para quatro adultos, mas o Ford leva melhor um passageiro central
Os três dispõem de sistemas de áudio com alta qualidade sonora, em especial os de Ford (fornecido pela Bang & Olufsen, a mesma dos Audis de alto padrão) e Volvo (pela Harman/Kardon). Todos têm integração a celular por Android Auto e Apple Car Play e o Audi oferece duas entradas para cartão SD. A grande tela vertical de 9 polegadas do XC60 e a horizontal de 8 pol do Edge são comandadas por toques, opção a que o Q5 (com tela de 7 pol) não aderiu: usa botões no console, um deles rotativo, e um painel de toque como o mouse dos computadores portáteis, no qual se podem até escrever letras e números para inserir telefones ou escolher músicas.
Edge e XC60 têm assistentes que permitem ao carro seguir o ritmo de tráfego e as faixas da via, ou mesmo efetuar curvas suaves, sem o motorista esterçar o volante
Prático? Em termos. Os comandos ficam mais baixos e confortáveis que a tela e evitam sujá-la, mas em alguns casos demoramos a descobrir como fazer uma operação que, com toques na tela, levaria um segundo. Entre os outros, o Edge oferece mais comandos físicos (embora falte o de escolher faixas) do que o XC60, que depende dos toques em tela para tudo. Este apresenta ainda o fluxo de energia do sistema híbrido.
Na versão avaliada o Q5 é escasso em assistências ao motorista, item que se destaca nos adversários. Edge e XC60 têm controlador de distância à frente, frenagem autônoma em emergência e assistente de faixa (com atuação na direção), que combinados permitem ao carro seguir o ritmo de tráfego e as faixas da via, ou mesmo efetuar curvas suaves, sem o motorista esterçar o volante. Não se trata de sistema autônomo, porém: o condutor precisa manter as mãos na direção e, caso as retire, é logo alertado.
Muitas configurações para os instrumentos do Q5, que pode destacar mapa de navegação, e algumas para o XC60, também com quadro em tela; o Edge é mais limitado
Outros recursos comuns aos dois são indicação de veículo em ponto cego (com alerta nos retrovisores) e auxílio a manobras evasivas, que atua na direção em caso de desvio de emergência, ajudando o motorista a efetuar o movimento necessário no volante. O Volvo traz ainda leitura de placas de limite de velocidade e assistência a ultrapassagens: ao detectar veículo no sentido contrário, ajuda o motorista a abortar a manobra e recolocar o carro na faixa original.
Detalhes favoráveis ao Q5 são ar-condicionado com três zonas de ajuste (motorista, passageiro ao lado e banco traseiro) em vez de duas, limitador programável de velocidade, luzes de cortesia sob os retrovisores externos e tomada de 12 volts para o banco traseiro.
Próxima parte