Motor de 170 cv e recursos fora de estrada diferenciam o utilitário
pernambucano, mas versões flexíveis não convencem em desempenho
Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: autor e divulgação
Trinta e dois anos depois que a Ford encerrou a linha do Jeep herdado da Willys-Overland, há um novo modelo com essa marca em produção no Brasil. O Renegade, um utilitário esporte de pequeno porte, começa a ser fabricado na nova unidade do grupo FCA – Fiat Chrysler Automobiles em Goiana, PE, para competir em um segmento em plena efervescência, que acaba de receber o Honda HR-V e terá em abril outra estreia, a do Peugeot 2008. Também estão em seu alvo Chevrolet Tracker, Ford Ecosport e Renault Duster.
Como a marca Jeep faria esperar, o Renegade buscou no fora de estrada sua diferenciação dentro do segmento: todas as versões de acabamento estão disponíveis com tração integral dotada de primeira marcha bem curta (não há caixa de transferência), o que permitiu homologação para uso de motor turbodiesel — o único da categoria — conforme a legislação brasileira, embora fosse interessante oferecê-la também com a unidade flexível, mais barata. O recurso é fornecido por uma caixa de câmbio automática de nove marchas, primazia em modelo nacional.
Simpático, apesar da inspiração no rude Jeep, o Renegade abusa das
linhas retas e lembra galões de combustível no “X” das lanternas
O Renegade começa a ser vendido em abril em 120 concessionárias Jeep em seis opções: Sport com motor flexível de 1,75 litro e câmbio manual de cinco marchas, ao preço sugerido de R$ 69.900; com o automático de seis marchas, R$ 75.900; com motor turbodiesel de 2,0 litros, tração 4×4 e câmbio automático de nove marchas, R$ 99.900; Longitude 1,75 flexível (automático de seis), R$ 80.900; Longitude 2,0 turbodiesel 4×4 (automático de nove), R$ 109.900; e Trailhawk 2,0 turbodiesel 4×4 (mesmo câmbio), R$ 116.900 (veja no quadro abaixo os itens de série e opcionais de cada um). Uma versão de entrada chega em alguns meses por R$ 66.900. A garantia é de três anos sem limite de quilometragem.
O assistente de estacionamento é o
primeiro em um carro nacional e há dois
tetos solares, um deles panorâmico
Apresentado no ano passado no Salão de Genebra, o novo Jeep existe também na Europa e nos Estados Unidos. Para atender às demandas de diferentes mercados, a FCA previu no projeto opções variadas como motores com tecnologia Multiair, uma unidade a gasolina de 2,4 litros e câmbio automatizado de dupla embreagem, além de recursos de segurança como controlador da distância à frente — nada disso presente, ao menos por ora, no modelo brasileiro.
Suas linhas fogem aos padrões da classe, hoje repleta de modelos com jeito de automóvel. Linhas retas, até mesmo no recorte dos para-lamas, e vidros mais verticais deixam o Renegade com jeito de um verdadeiro jipe… ou Jeep. Como se a identidade da marca não estivesse clara na grade de sete vãos verticais ladeada por faróis circulares — como no tradicional Wrangler —, ele traz ainda lanternas traseiras com um elemento em “X”, inspirado nos galões de combustível que o Jeep original transportava, e a discreta silhueta do antepassado na banda negra que contorna o para-brisa. Os faróis com lâmpadas de xenônio em ambos os fachos (opcionais) usam refletor elipsoidal, ao contrário dos convencionais halógenos.
Interior bem acabado traz fartas opções de conveniência e espaço
traseiro satisfatório; quadro de instrumentos tem tela digital de 7 pol
As reminiscências do passado surgem também em detalhes internos, como a alça de apoio diante do passageiro, como no Wrangler, e a frase Since 1941 (desde 1941), vista em outros Jeeps atuais, no centro do painel. De resto, porém, o interior é moderno e bem acabado, com um painel revestido em material muito suave ao toque. O motorista encontra facilmente uma boa posição e todos os comandos são acessíveis e fáceis de operar. Os passageiros do banco de trás gozam de bom espaço diante das dimensões externas, mas as grandes rodas e a pequena distância entre eixos fazem a caixa de rodas “espremer” o corpo de quem entra ou sai.
O quadro de instrumentos do Trailhwak (opcional no Longitude) traz uma tela central de 7 pol para funções variadas como computador de bordo, velocímetro digital e configurações. Detalhe criativo é a poça de lama no lugar da faixa vermelha do conta-giros. A tela de 5 ou 6,5 pol do sistema multimídia Uconnect Touch no painel central serve aos sistemas de áudio, telefone e navegação. Comandos por voz permitem efetuar ligações e selecionar emissoras de rádio.
Toda a linha vem com comando elétrico do freio de estacionamento, ao lado do qual fica o botão para desativar o controle de estabilidade. O assistente de estacionamento Park Assist, primeiro em um carro nacional, coloca o carro em vagas paralelas e perpendiculares à via. O teto solar panorâmico Command View, de vidro, tem seção retrátil sobre os bancos dianteiros e controle elétrico. Outra opção é o My Sky (apenas no Trailhawk), com dois painéis leves de plástico (poliuretano) que podem ser removidos e guardados no porta-malas, sendo possível ainda a retração elétrica do painel dianteiro.
Câmera traseira é opcional no Longitude, mas freio de mão elétrico
equipa toda a linha; detalhes mostram grade da marca em tela
de alto-falante, Jeep e homem das montanhas nas bandas dos vidros
Bastante pequeno é o compartimento de bagagem, apenas 260 litros, menos que na maioria dos hatches pequenos. Nesse aspecto o Renegade mostra-se bem inferior a Duster (475), HR-V (431) e Ecosport (362), perdendo até para o Tracker (306 litros). Certamente influi na escassez de espaço o uso de estepe em tamanho integral (com roda de aço) em montagem interna sob o assoalho. Bom recurso é o tapete com duas faces, uma revestida de tecido e a outra de vinil, para transporte de itens sujos ou úmidos.
Plataforma e motores Fiat
O Renegade baseia-se na plataforma Small Wide 4×4 (pequena e larga com tração nas quatro rodas) do grupo FCA, que serve ao Fiat 500X e deriva da Small introduzida em 2005 no Fiat Grande Punto (também usada pelo Opel Corsa como herança do período de associação Fiat-GM). Uma peculiaridade é usar suspensão traseira independente — por um sistema simples, McPherson — mesmo em versões de tração dianteira, enquanto Ecosport e Duster adotam conjuntos multibraço apenas com tração integral.
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Equipamentos de série e opcionais
• Renegade Sport (acima): vem de série com controle eletrônico de estabilidade, tração, para reboque e com função anticapotamento; freios a disco nas quatro rodas, cintos de três pontos e encostos de cabeça para os cinco ocupantes, fixação Isofix para cadeira infantil, faróis e luz traseira de neblina, assistente para saída em rampa, ar-condicionado, assistência elétrica de direção, rodas de alumínio de 16 polegadas com pneus 215/65, ajuste do volante em altura e distância, sensores de estacionamento traseiros, sistema de áudio com interface Bluetooth para telefone celular, alarme, banco do motorista com regulagem de altura, banco traseiro bipartido, controles elétricos de vidros com função um-toque, comandos de áudio e Bluetooth no volante, computador de bordo, controlador e limitador de velocidade e freio de estacionamento com acionamento elétrico. No caso de câmbio automático, traz ainda controle eletrônico de velocidade em descidas. Bolsas infláveis são apenas as frontais.
Seus principais opcionais são sistema multimídia com tela tátil de 5 pol, reconhecimento de voz e navegador, câmera traseira para manobras, volante revestido em couro, bolsas infláveis laterais, de cortina e de joelhos, monitoramento de pressão dos pneus e teto solar elétrico panorâmico Command View.
• Renegade Longitude: mesmo conteúdo da Sport, acrescido de rodas de alumínio de 17 pol com pneus 215/60, comandos no volante para mudanças de marcha, ar-condicionado automático de duas zonas, tela tátil de 5 pol, navegador, câmera traseira e volante de couro. O Longitude a diesel ganha tração 4×4 com reduzida e controle de descidas. Pode receber rodas de 18 pol (acima) com pneus 225/55, bancos de couro, as citadas bolsas infláveis, monitor de pneus, teto solar Command View, pacote Tecnology 1 (detector de pontos cegos, assistente de estacionamento, acesso e partida com chave presencial, faróis e limpador de para-brisa automáticos, retrovisor interno fotocrômico, retrovisores externos com rebatimento elétrico), pacote Tecnology 2 (áudio Beats com oito alto-falantes, tela tátil de 6,5 pol, reconhecimento de voz, quadro de instrumentos com tela digital de 7 pol, banco do motorista com regulagem elétrica, faróis bixenônio) e teto preto.
• Renegade Trailhawk: mesmos itens do Longitude a diesel, acrescidos de suspensão elevada, placas inferiores de proteção, ganchos na frente e atrás, para-choques especiais, pneus de uso misto (215/60 R 17), faróis e limpadores automáticos, retrovisor fotocrômico, câmera traseira, controle de descidas e tela de 7 pol no painel. Suas opções são bancos de couro, as mesmas bolsas infláveis, monitor de pneus, teto solar My Sky ou panorâmico Command View, pacote Tecnology 3 (detector de pontos cegos, assistente de estacionamento, chave presencial, rebatimento de retrovisores) e Tecnology 4 (áudio Beats com tela 6,5, reconhecimento de voz, banco do motorista com regulagem elétrica, faróis bixenônio).
Estão disponíveis as cores vermelho Colorado, verde Commando, branco Ambiente, preto Shadow, prata Melfi e laranja Aurora (apenas no Trailhawk). Acessórios da linha Mopar à venda nas concessionárias incluem barras de teto transversais, estribos laterais, porta-bicicleta de teto, geladeira portátil, tapetes, para-barros, rede elástica para porta-malas e reparador de pneus com compressor de ar.
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