Novo hatch vem com bons argumentos para competir com Onix e HB20 e, talvez, retomar a liderança para a marca
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
Retomar a liderança do mercado, perdida para a General Motors, e ter novamente o carro mais vendido do Brasil, título hoje nas mãos do Chevrolet Onix: essas são as ousadas missões do Argo, o novo hatch pequeno da Fiat, que vem assumir o lugar tanto do Palio (exceto a versão de 1,0 litro, por ora) quanto do Punto. O Best Cars avaliou a novidade em três versões e agora conta quais as chances da fábrica de Betim, MG, de cumprir seus objetivos.
Para competir com Onix, Ford Fiesta, Hyundai HB20, Peugeot 208 e o futuro VW Polo, entre outros, a Fiat optou por um projeto local, de codinome X6H, embora seja fácil ver sua semelhança visual ao Tipo vendido na Europa. Um sedã para suceder ao Grand Siena (projeto X6S) logo será apresentado. Mais tarde a plataforma dará origem a um utilitário esporte compacto.
A linha Argo é composta por três opções de acabamento (Drive, Precision e HGT), três de motores (Firefly de 1,0 e 1,3 litro e E-Torq de 1,75 litro) e três de transmissão (manual e automatizada GSR Comfort de cinco marchas e automática de seis), além de uma série limitada de lançamento. Os preços sem opcionais variam entre R$ 46.800 e R$ 75.200 (veja versões, valores e equipamentos no quadro abaixo).
Um dos destaques do novo Fiat é o sistema de áudio com tela sensível ao toque de 7 pol e compatível com Android Auto e Apple Car Play, de série a partir da versão Drive 1,3
Fabricado em Betim, MG, o Argo impressiona bem à primeira vista, com um desenho simples, mas de detalhes elaborados como os ressaltos nas laterais do capô, os faróis de duplo refletor, luzes de posição com leds (infelizmente não atuam como luz diurna) e o jogo de luzes e sombras nas laterais. Pode não ter a excelência de estilo do Punto, que o manteve atraente por tanto tempo (foi lançado em 2005 na Itália), mas é bem superior ao Palio na questão de robustez visual, tão valorizada hoje. O coeficiente aerodinâmico (Cx) não foi informado.
No interior a sensação é de bom acabamento e cuidado estético, mesmo com plásticos rígidos, habituais na categoria. A faixa horizontal no painel vem em prata nas versões Drive e Precision e em vermelho fosco no HGT, que traz ainda forro de teto em preto. O quadro de instrumentos traz tela central de alta definição, de 7 pol nas versões 1,75-litro e 3,5 pol nas demais, para informações de áudio, computador de bordo, velocímetro digital, mensagens, voltímetro, horímetro (horas de uso do motor) e termômetro de óleo. Há ainda indicador para mudanças de marcha.
Versão de entrada Drive de 1,0 litro, com motor Firefly de três cilindros, vem de série com ar-condicionado, fixação Isofix e cinco cintos de três pontos
O motorista acomoda-se bem, com apoios lombar e laterais adequados no banco, apoio de pé esquerdo bem definido e, nas versões 1,75, o bem desenhado volante regulável também em distância (só em altura nas outras). Cabem ressalvas aos pedais muito à direita — incomodam mais com caixa manual —, volante um pouco enviesado e assento algo curto para as coxas. As colunas dianteiras largas prejudicam o campo visual, como tem sido frequente; os retrovisores externos convexos são ótimos.
No mercado atual, um carro como este estaria fadado ao fracasso sem um bom sistema de entretenimento. O áudio de série a partir da versão Drive 1,3 (opcional na 1,0) tem tela sensível ao toque de sete polegadas, que parece se destacar do painel, e compatibilidade com Android Auto e Apple Car Play para execução de aplicativos do telefone celular. A tela serve também à câmera traseira de manobras com linhas dinâmicas, opcional em toda a linha. Os comandos de áudio ficam atrás do volante, padrão trazido da Chrysler que divide opiniões.
Outras conveniências disponíveis são chave presencial para acesso à cabine (incluindo a quinta porta) e partida do motor por botão, retrovisor interno fotocrômico, externos com rebatimento elétrico e luz de cortesia e controle automático para ar-condicionado, faróis e limpador de para-brisa. Os três difusores de ar centrais, embora baixos, podem ser bem ajustados para cima e o para-brisa tem faixa degradê, mas faltou iluminação na parte traseira da cabine.
Tela de 7 pol com Android Auto e Car Play e monitor de pneus equipam o Argo Drive de 1,3 litro; motor cedido pelo Uno fornece 109 cv com álcool
A Fiat destaca as maiores dimensões do Argo em relação a Onix e HB20 em largura e altura internas e na chamada medida de conforto, que vai do pedal acelerador ao encosto traseiro. O carro é de fato um dos mais amplos da classe para até quatro pessoas, embora o banco traseiro alto possa prejudicar passageiros de maior estatura e os deixe com coxas mal apoiadas. O compartimento de bagagem acomoda 300 litros, dentro da média da categoria, com banco traseiro bipartido 60:40 nas versões 1,75. O estepe de 15 pol tem uso restrito quando as rodas são de 16 ou 17 pol.
Plataforma evoluída, motores conhecidos
A Fiat afirma que a plataforma do Argo é a nova MP1, mas extraoficialmente apuramos ser baseada na do Punto, que por sua vez herdava algo da do Palio de primeira geração. Aços especiais de alta resiliência foram empregados em grande parte da estrutura, sobretudo na cabine, e as colunas das portas usam estampagem a quente. A Fiat anuncia aumentos de rigidez à torção em 7% e à flexão em 8% em relação ao Punto. Testes de impacto similares aos do Latin NCap indicaram bons resultados, a confirmar pelo órgão independente.
Conhecidos são os motores. Os de 1,0 e 1,3 litro pertencem à família modular Firefly, de duas válvulas por cilindro, com elementos atuais como bloco de alumínio, variação do tempo de abertura das válvulas e alternador com operação variável (maior quando o motor desacelera). O primeiro fornece potência de 72/77 cv e torque de 10,4/10,9 m.kgf, e o segundo, 101/109 cv e 13,7/14,2 m.kgf, sempre na ordem gasolina/álcool. Apenas o 1,3 pode receber a transmissão automatizada GSR Comfort, evolução da Dualogic, que foi apresentada no Uno 2017.
Versão Precision traz motor E-Torq de 1,75 litro com até 139 cv e opção de caixa automática de seis marchas, inédita em automóveis nacionais da Fiat
Próxima parte
Versões, preços e equipamentos
• Argo Drive 1,0 manual (R$ 46.800) – Ar-condicionado, banco do motorista com ajuste de altura, cintos de três pontos para todos os ocupantes, controle elétrico de vidros dianteiros e travas, direção assistida elétrica, fixação Isofix para cadeira infantil, parada/partida automática do motor, retrovisores com luzes de direção, volante regulável em altura. Opcionais: câmera traseira de manobras com sensores de estacionamento, controle elétrico de vidros traseiros e retrovisores, rádio, sistema de áudio com tela de 7 pol e comandos no volante.
• Argo Drive 1,3 manual (R$ 53.900) – Como o Drive 1,0, mais monitoramento da pressão dos pneus, sistema de áudio com tela tátil de 7 pol e compatível com os sistemas Apple Car Play e Android Auto, tomada USB para os passageiros traseiros, volante com comandos de áudio e telefone. Opcionais: câmera traseira com sensores, controle elétrico de vidros traseiros e retrovisores, faróis de neblina com rodas de alumínio de 15 pol.
• Argo Drive 1,3 GSR (R$ 58.900) – Como o Drive manual, mais assistente de saída em rampa, controlador de velocidade, controle elétrico de vidros traseiros e retrovisores, controle eletrônico de estabilidade e tração e transmissão automatizada de cinco marchas com comandos no volante. Opcionais: câmera traseira com sensores, faróis de neblina com rodas de alumínio de 15 pol.
• Argo Precision 1,75 manual (R$ 61.800) – Como o Drive manual, mais alarme antifurto, assistente de saída em rampa, banco traseiro bipartido 60/40, controle elétrico de vidros traseiros e retrovisores, controle eletrônico de estabilidade e tração, faróis de neblina, luzes de posição de leds, rodas de alumínio de 15 pol, volante regulável em distância. Opcionais: bancos de couro, bolsas infláveis laterais, câmera traseira com sensores, rodas de alumínio de 16 pol, pacote (ar-condicionado automático, chave presencial, faróis e limpadores automáticos, retrovisor fotocrômico, tela de 7 pol nos instrumentos).
• Argo Precision 1,75 AT6 (R$ 67.800) – Como o Precision manual, mais apoio de braço para o motorista, controlador de velocidade, transmissão automática de seis marchas com comandos no volante e volante revestido em couro. Opcionais: como o manual.
• Argo HGT 1,75 manual (R$ 64.600) – Como o Precision manual, mais anexos aerodinâmicos, mostrador configurável de 7 pol, rodas de 16 pol com pneus 195/55 e suspensão esportiva. Opcionais: bancos de couro, bolsas infláveis laterais, câmera traseira com sensores, rodas de alumínio de 17 pol, pacote (ar-condicionado automático, chave presencial, faróis e limpadores automáticos, retrovisor fotocrômico).
• Argo HGT 1,75 AT6 (R$ 70.600) – Como o HGT manual, mais apoio de braço para o motorista, controlador de velocidade e transmissão automática de seis marchas com comandos no volante. Opcionais: como o manual.
• Argo Opening Edition Mopar 1,75 AT6 (R$ 75.200) – Como o HGT AT6, mais pacote com três primeiras revisões inclusas, protetor de soleira das portas, rodas de alumínio escurecidas, defletor traseiro, teto e retrovisores externos pintados de preto.
A divisão Mopar oferece 53 acessórios, como sistema de áudio com tela de 9 pol, rodas de alumínio de 16 pol, teto com adesivo preto fosco, alto-falantes, iluminação especial interna, engate para reboque, alarme e sensores de estacionamento.