Mas há também casos, mesmo nas frenagens, em que o motor de combustão continua ligado para carregar as baterias híbridas através do MG1, que vira gerador, e dos movimentos das rodas pelo MG2 (acima).
Em outras condições, o motor de combustão interna não faz nada além de carregar as baterias híbridas (acima). É o que acontece ao ficar parado por muito tempo no trânsito ou numa leve descida em que não haja como regenerar energia pela diminuição de velocidade. O motor a combustão também pode estar ligado sem haver fluxo de energia para qualquer lugar. Essa situação, que pode parecer sem sentido, visa provavelmente manter catalisador e óleo lubrificante em temperaturas de trabalho ideais.
A escolha e a transição entre todos esses modos ocorrem em frações de segundo, alternando-os constantemente sem trancos ou ruídos. Afinal, tudo é controlado pelo eletromagnetismo, até mesmo o que podemos chamar de transmissão CVT: o sistema controla os giros do motor a combustão pelo MG1, conforme a demanda de potência. Claro que nada é perfeito e sempre há perdas de energia em forma de calor, mas numa quantidade menor que nos sistemas mecânicos — além de tudo ser mais simples e com conexões diretas.
O problema é que sistemas elétricos exigem temperaturas mais baixas, o que requer um sistema independente de arrefecimento para os motores MG1 e MG2. A própria bateria também tem seu sistema de refrigeração com um ventilador que, dependo da exigência do acelerador, se ativa e emite um leve ruído dentro da cabine.
O Prius usa sistemas de arrefecimento separados para o motor a combustão e os elétricos; as baterias sob o banco traseiro têm seu ventilador
Já que falamos em bateria, muitos se sentem inseguros por sua durabilidade e o custo de manutenção e reposição a longo prazo. Esse fator pode explicar a maior desvalorização do Prius no mercado comparado ao “irmão” de preço similar quando novo, o Corolla Altis. Contudo, quanto à manutenção preventiva ou programada, não há maior diferença para um carro comum — e quando existe é para melhor, caso do prazo de troca do filtro de ar do motor a combustão, a cada 40 mil quilômetros. Afinal, o consumo de combustível menor revela que a cada km o motor respira menos ar que em um carro apenas a gasolina.
No caso das baterias, problemas são improváveis porque seu sistema de gerenciamento visa sua preservação, como explicado na segunda semana. Os problemas mais comuns são relacionados à oxidação das conexões que unem os módulos, como é mostrado nos laboratórios da Uninove. Afinal, onde passa corrente elétrica há maior oxidação.
No caso de um problema de oxidação tão grave a ponto de impedir o fluxo de corrente, o sistema não parte o carro e acusa erro permanente na central eletrônica. A forma de solucionar não é complicada: basta retirar o conjunto de baterias do carro, soltando alguns parafusos e conectores, e tirar a capa de proteção. Uma vez identificados os conectores oxidados, basta trocá-los ou mesmo poli-los para que o sistema volte a funcionar.
Problemas nas baterias do Prius são incomuns: os mais frequentes são de oxidação das conexões que unem os módulos, pois onde passa corrente elétrica há maior oxidação
Dificilmente algum módulo apresenta problema e, quando o faz, é por curto-circuito causado pela oxidação dos conectores, bastando trocar os módulos danificados. Países com boa frota de híbridos têm várias empresas que recondicionam essas baterias, o que tende a acontecer no Brasil com o tempo. Se for realmente preciso substituir o jogo de baterias em concessionaria, a Toyota Grand Motors do Morumbi, em São Paulo, forneceu o preço de R$ 9.550 sem custo de mão de obra.
Em manutenção programada não há maior diferença para um carro comum — e quando existe é para melhor, caso da longa duração do filtro de ar do motor
A quarta e última semana do Prius teve apenas uso urbano. Foram 390 km com média de consumo de 22,5 km/l. A melhor marca foi de 30,3 km/l, no trecho de descidas e velocidade constante com média de 26 km/h, e a pior — se podemos dizer pior — foi de 14,5 km/l com média de 15 km/h e várias subidas e descidas. No total rodamos 2.079 km em 30 dias com média geral de 21,9 km/l. Durante os abastecimentos notamos média de indicação de consumo 2,7% melhor no computador de bordo que o medido na bomba, dentro da praxe do mercado.
O editor Fabrício Samahá, que usou o Prius por algum tempo, opinou: “Não é um carro que me agrade aos olhos, mas convence quando o dirigimos. Agrada pela rapidez de respostas, pois o motor elétrico supre a aceleração até que o outro alcance a rotação ideal. A suspensão macia, ajudada pelos pneus de perfil alto, e o baixíssimo nível de ruído resultam em conforto acima da média para um carro de seu porte. Com as melhorias de estilo que a Toyota aplicou à linha 2019, ainda por chegarem ao Brasil, eu talvez comprasse um”.
O estilo causa polêmica, mas o Prius nos conquistou em 30 dias pelo conforto, com interior espaçoso, rodar macio e baixíssimo nível de ruído e vibrações
“Alguns itens internos são muito práticos, como carregador de celular por indução, função um-toque para todos os controles elétricos de vidros e ótimo espaço para objetos”, observou Fabrício. “O ar-condicionado, por funcionar mesmo sem o motor a combustão, é perfeito quando se precisa aguardar alguém no carro em dia quente. Muito bons os faróis, que usam leds nos principais e nos de neblina, e o retrovisor direito biconvexo. Gostei do estepe integral e com roda de alumínio, raro hoje. Por seu preço, porém, ele deveria ter difusor de ar para o banco traseiro, comando de vidros a distância, faixa degradê no para-brisa e sensores de estacionamento”.
No balanço geral o Prius agradou muito, não apenas pela economia de combustível — esperada, mas que surpreendeu —, mas também pelo conjunto do carro: muito confortável para o uso diário, sobretudo em vias de pavimentação ruim, com baixo nível de ruído e boas conveniências no interior. Como sempre há o que melhorar, achamos uma ofensa o freio de estacionamento por pedal (anacrônico e perigoso para o pé, como citamos na primeira semana) e não gostamos da central de áudio, ruim de usar e sem integração a Apple Car Play e Android Auto. Uma pena, pois a qualidade de áudio oferecida pela empresa JBL é de primeira.
Semana anterior
Quarta semana
Distância percorrida | 390 km |
Distância em cidade | 390 km |
Distância em rodovia | – |
Consumo médio geral | 22,5 km/l |
Consumo médio em cidade | 22,5 km/l |
Consumo médio em rodovia | – |
Melhor média | 30,3 km/l |
Pior média | 14,5 km/l |
Dados do computador de bordo com gasolina |
Desde o início
Distância percorrida | 2.079 km |
Distância em cidade | 1.656 km |
Distância em rodovia | 423 km |
Consumo médio geral | 21,9 km/l |
Consumo médio em cidade | 22,4 km/l |
Consumo médio em rodovia | 20,2 km/l |
Melhor média | 33,3 km/l |
Pior média | 10,5 km/l |
Dados do computador de bordo com gasolina |
Preços
Sem opcionais | R$ 125.450 |
Como avaliado | R$ 125.450 |
Completo | R$ 125.450 |
Preços sugeridos em 26/11/18 |
Ficha técnica
Motor a combustão | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 80,5 x 88,3 mm |
Cilindrada | 1.798 cm³ |
Taxa de compressão | 13:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima | 98 cv a 5.200 rpm |
Torque máximo | 14,2 m.kgf a 3.600 rpm |
Motor elétrico | |
Potência | 72 cv |
Torque | 16,6 m.kgf |
Potência combinada | 123 cv (estimada) |
Transmissão | |
Tipo de caixa | automática de variação contínua |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | independente, multibraço, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 15 pol |
Pneus | 195/65 R 15 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,54 m |
Largura | 1,76 m |
Altura | 1,49 m |
Entre-eixos | 2,70 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 43 l |
Compartimento de bagagem | 412 l |
Peso em ordem de marcha | 1.400 kg |
Desempenho e consumo | |
Velocidade máxima | ND |
Aceleração de 0 a 100 km/h | ND |
Consumo em cidade | 18,9 km/l |
Consumo em rodovia | 17,0 km/l |
Dados do fabricante; consumo de gasolina conforme padrões do Inmetro; ND = não disponível |