Sedã de tração traseira e outros projetos até 2018
buscam recolocar a marca italiana em posição de prestígio
A Alfa Romeo marcou esta data para renascimento, coincidindo com o centésimo quinto aniversário da fundação da marca. Nela apresentará novo sedã quatro-portas com tração traseira, base para nova e prolífica família — sedãs compacto, médio, grande, utilitário esporte e um esportivo. Nome indefinido, tratado como Projeto 952, referido como Giulia, mítico artífice do crescimento da marca nos anos 60. Vendas no quarto trimestre (veja o quadro mais abaixo)
Nos últimos dias vazaram — ou foram vazadas — informações sobre motores: três, dianteiros longitudinais. Mais popular, gasolina, quatro-cilindros, 2,0 litros de cilindrada, 16 válvulas com abertura variada, injeção direta, turbo e a novidade do cabeçote Multiair, mágica exclusiva da Fiat oferecendo mais potência com menor consumo e emissões. Será o trator-chefe da empresa, tratado como Global Medium Engine, com potências variando, de acordo com a aplicação, entre 180 a 330 cv — 180 cv para tal configuração mecânica parece pouco.
Outro quatro-cilindros será a diesel, possivelmente dentro do atual coquetel de custos e tecnologia, com o mesmo bloco e componentes internos, 2,2 litros, potência entre 130 e 220 cv. Alfa colabora com a VM Motori, fábrica de motores a diesel controlada pela Fiat, para implementar o recente V6 de 3,0 litros, capaz de rendimento mais esportivo. Os 275 cv originais já cresceram a 340 cv — bela potência específica para um diesel —, mas tal cavalaria não tracionará o Projeto 952, apenas lançamentos futuros, o utilitário e um sedã grande, ambos com tração total, programados para 2016 e 2017.
No total, entre 2015 e 2018 Alfa terá oito novos modelos — e sairá da faixa dos subcompactos, onde hoje está com o Mito. Topo da gama, motor V6 de 3,0 litros desenvolvido pela Ferrari para seus automóveis e a Maserati, foi reformulado, com cilindrada reduzida a 2,9 litros, mantidos os dois turbos, produzindo 480 cv — 520 para a versão GTA. Existirão, ainda, versões com maior potência e tração total.
O automóvel quer marcar o retorno da Alfa à competição de mercado, indo das 73 mil unidades vendidas em 2013 para 400 mil pretendidas em 2018, justificando a teimosia e o bate-pé em continuar com a marca, enfrentar propostas de aquisição pela Volkswagen, manter-se no mercado com dois hatches (o Mito e o Giulietta), fazer muitas notícias e vendas artesanais com o esportivo 4C, e aplicar US$ 5 bilhões no renascimento. Como tamanho, o 952/Giulia será pouco superior a BMW Série 3, Audi A4, Mercedes Classe C. Talvez assemelhado ao novo Jaguar XE — 4,6 m de comprimento.
Ao Brasil, dos poucos mercados onde não está presente, a Alfa retornará. Na Argentina mantém-se e lá tem encomendas para 7 unidades do 4C, o esportivo que alimenta iniciativas de mídia.
Roda a Roda
Ainda – No grande pega pela liderança mundial de produção de automóveis e comerciais leves, Toyota conseguiu manter a coroa vendendo — incluindo a marca Daihatsu e os caminhões Hino — 10,23 milhões. Leve vantagem, circa 1%, sobre a Volkswagen, em marcha batida e determinada em assumir a dianteira.
Sinal – Crescimento de 3% da Renault na Europa e Rússia é creditado aos carros de menor preço, o pequeno utilitário Captur (foto) e os Dacias Sandero e Duster. Sucesso do Captur foi fator fundamental para a Renault decidir-se por ampliar investimentos e incluí-lo no leque da próxima dupla de produtos nacionais.
Como – Sobre o projeto, e como a operação brasileira é monoplataforma, deve ser um exercício de tesoura de aço para recortar a base aplicada a Logan/Sandero/Duster e montar a carroceria Captur em cima.
Finor – Inglesa Aston Martin quer aumentar negócios na parte Sul da América Latina. Representante no Chile contará com dois distribuidores, um no Uruguai, outro na Argentina — no Brasil a operação é de Sérgio Habib, o sócio da chinesa JAC, e independe deste ajuste. Dada a pequenez — o mercado uruguaio é numericamente reduzido e na Argentina é uma mão de obra para o governo liberar dólares pagamentos externos — não terão estoque, mas vendas por catálogo ou, no máximo, voo a Santiago, onde há pequeno número de modelos e versões.
Fica – Geely reformulou a administração e mantém projeto no Brasil, informa José Luiz Gandini, presidente. Desde novembro nomeou 16 concessionários e quer fechar o ano como 55 lojas. Em 2015 intenta vender 5 mil unidades de sedã; carro de entrada a R$ 29.900; e SUV a ser lançado.
Situação – Gandini, mais conhecido como importador da Kia, está vivamente preocupado com o descenso do negócio. De 99.000 unidades importadas há quatro anos, imagina retração do mercado da marca para 20.000 — 1/5 do volume — neste exercício. Queda igual só valor de ação da Petrobrás…
Piorou – Incremento de 30% sobre o IPI em marcas sem operação industrial no Brasil, e os recentes aumento no PIS/Pasep, do IOF aumentando as prestações no financiamento, e dólar caro garroteiam as vendas e apagam empregos na rede de distribuição.
Passou – Governo descartou ter os importados servindo como referência comparativa aos nacionais em preço e conteúdo. Aumentou as barreiras contra a importação, afastou o comparativo, fomentou a falta de competitividade. Conta alta para a sociedade: nossa protegida indústria não é competitiva.
Gás – No pacote de maldades seguindo os ensinamentos de Nicolló Machiavel — aplicar o mau de uma vez só, pois a memória do povo é curta —, a volta da CIDE e o aumento do PIS/Cofins sobre gasolina e diesel podem fomentar a procura pelo álcool, sem aumento.
Festa – Nissan do Brasil comemora produção de 20 mil unidades do March e iniciou fabricar o Versa (foto), sedã montado sobre a mesma plataforma.
Muda – Sem atingir as metas de vendas na Europa — 11 mil exemplares contra previsão de 20 mil —, Ford reformulará o Ecosport, um seus carros mundiais. Principais mudanças, a supressão do estepe pendurado na porta traseira, rearranjo interno nos plásticos de acabamento e ajustes de suspensão. Mudanças internas deverão atingir o Eco feito na Bahia.
Convergência – FCA, a antiga Fiat, agora englobando a marca Jeep, sem data para iniciar vender o Jeep Renegade, feito na nova fábrica em Goiana, PE. Isto só pode ocorrer pós-inauguração, ora dependente de disponibilidade de agenda da Presidente da República, do Governador de Pernambuco, e de Sergio Marchionne, CEO da FCA.
Pedra – Mercedes fixará a pedra fundamental de sua fábrica de automóveis em Iracemápolis, SP, dia 5 de fevereiro. Será mero ato formal/institucional, pois já faz obra em esforço de transformar antiga plantação de cana em fábrica de automóveis, e na pequena cidade alugou e opera galpão para receber, revisar e distribuir os automóveis importados.
Utilidade – Terceira fábrica da Volkswagen, unidade em São José dos Pinhais, PR, comemora 16º. aniversário tendo produzido mais de 23 milhões de unidades, e se prepara à fabricação do novo Golf (foto). No processo, economia em iluminação, uso de água e energia, solda a laser, tintas à base d’água.
Ajuste – Mudou a data de realização da Fetranspor, a feira profissional de transporte. Seria 26 a 30 de outubro, será de 9 a 13 de novembro. Razão, não coincidir com o Salão de Tóquio. Não é motivação turística, mas exigência do calendário da OICA, a entidade mundial dos fabricantes de veículos.
Promoção – A fim de pneus? Bridgestone faz promoção “Feirão de Fábrica” para segmentos Ultra Alta Performance, Alta Performance e Camionete. É pela internet e garante preços até 20% menores, com entrega no revendedor da marca mais próximo.
Conselho – Em texto na Folha de S. Paulo, menino de 10 anos ensina a poupar, como o fez por três anos para comprar um Fusca 1976. Vale para todos: 1) sonhe com alguma coisa que você quer ter; 2) comece a poupar — não importa o valor; 3) só gaste o valor poupado antes de realizar o sonho se for muito necessário; 4) não empreste o dinheiro a não ser para alguém de confiança; 5) continue poupando sempre.
Super – Acima da atual situação, entesourado, enfastiado com Ferrari, Maserati, Porsche e outros, caros e comuns? Papai Noel te ouviu: a francesa Bugatti dispõe à venda de oito unidades de modelo Veyron roadster — conversível. Não é estoque de fim de linha. Os automóveis sequer foram construídos — cada um leva uma semana —, mas apenas o atingir do total estabelecido no plano-produto. Mais de sete dígitos em dólares, mais impostos e taxas nacionais.
Um Mercedes olhando por cima
Um caminhão Mercedes-Benz todo-terreno, o modelo Zetros, candidatou-se a registro no livro de recordes Guiness. Atingiu 6.706 metros de altitude, quase chegando ao vulcão Ojo del Salado, no deserto de Atacama, no Chile, superando marcas anteriores de Jeep Wrangler, logo ultrapassado por Suzuki Samurai, cravando 6.688 m.
É primeiro recorde com um veículo grande como um caminhão. Tentativas anteriores foram realizadas em bicicleta, motos e jipes. A equipe alemã Extrem Events marcou conquista após 10 anos de trabalho, de viver duas semanas por ano no pico, de subi-lo em moto e jipe, de muita pesquisa para encontrar o melhor caminho, de montar equipe disposta, incluindo um chileno especializado neste pico, um andinista. Afinal, para a aventura-recorde ter um equipamento confiável é uma parte do sucesso, mas não basta engatar a primeira reduzida, olhar para o céu e ir subindo. Há que se preparar.
O caminhão Zetros é versão militarizada, produzido pela Mercedes-Benz alemã para serviços nas Forças Armadas, áreas de reflorestamento, construção pesada e mineração. Oferece cuidadoso entendimento harmônico em sua mecânica para as missões de extremo esforço, e passou por poucas modificações, como a adição de dois tanques para óleo diesel e água, e a substituição das rodas por modelo mais largo (simples no eixo traseiro) e pneus Pirelli, radiais, com 8 lonas, especial para andar em pedras. Ao motor, 7,2-litros, turbo, produzindo 330 cv, não impuseram mudanças.
O êxito passou por combinar habilidade para vencer o terreno pedregoso e irregular, a queda de oxigênio reduzindo a potência do motor e a vitalidade da tripulação, também penalizada pelo frio — nos últimos lances os batedores externos, com alavancas para arrancar pedras no piso, blocos de gelo, e abrir espaços para o Zetros passar, tendo sempre em vista o índice máximo de inclinação lateral para enfrentar capotamento. Enfrentaram entre 20 e 30 graus negativos, situações que exigiram uma parada de aclimatação a 5.000 m de altura.
No total a expedição durou 26 dias, entre chegar à parte baixa, abrir caminho para atingir o pico, equilibrar o desgaste energético e poupar o caminhão para ter o equipamento confiável. Ao final os danos foram nos pneus, com seguido rompimento das lonas contra as pedras vulcânicas — alguns chegaram com apenas três lonas, cortando as demais. O Zetros, sem problemas, consumiu 1,1 litro de diesel por quilômetro. O trunfo mundial se incorpora ao slogan do modelo: “Qualquer trabalho, qualquer terreno, a qualquer momento”.
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A coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars