Sem cara de carrinho de brinquedo, modelo 2018 ganha em aparência e conectividade
Quem vir o Volkswagen Up 2018 terá clara noção de maturidade de automóvel. Ícone da marca, atrevido em estilo e desempenho, a primeira revisão estética indica novos traços frontais e posteriores, para dar sensação de largura, frente com a atual assinatura familiar da maior das marcas alemãs. Para-choques em maior porte, novo grupo óptico, friso cromado entre os faróis e equivalente assinando a fímbria inferior da tampa do porta malas. Mudanças nos anteparos geraram mais 8 cm em comprimento, agora 3,68 m. Nova arte conseguiu tirar a cara de carrinho de brinquedo e deu-lhe mais personalidade.
Juristas usam expressão típica, própria, peremptória, para definir coisas: Prima Facie, dizem. Na prática do pé no chão é o “tá na cara”. Do tipo viu, entendeu. O verbete dos juristas é claramente aplicável a esta segunda edição do Up. Nela perceptível o ganho de qualidade por materiais, delicadezas tecnológicas para atender a novo padrão de exigência de consumidores jovens, maioria dos clientes. Querem conectividade, e a Volkswagen criou solução muito interessante para combinar condução com o uso do celular, o Composition Phone – que coisa cansativa este uso desenfreado de expressões em inglês para descrever automóvel feito no Brasil…
Todos os Ups portam apoio sobre o painel para atracar o celular. Baixado um programa, o Maps + More enlaça rádio, Up e telefone, cuja tela passa a ser a do sistema de som e adicionalmente permite controlar funções do celular via comandos do som; mostrar atalhos para agenda; fazer e receber ligações; escutar música arquivada; utilizar aplicativos como Spotify e Waze, e chamada para o Volkswagen Service, para serviços de apoio. Tem mais: navegação, com procura por desenho de uma letra na tela; condução econômica; computador de bordo; espelhar mostradores como o conta-giros e o termômetro; busca de endereços, contatos, músicas salvos no telefone.
Upgrading
Com desculpas aos leitores pelo irrefreável trocadilho, o salto maior para o Up foi a agregação de tecnologia, conectividade, refinamento no interior, com itens não usuais em carros desta categoria, como o painel de mostradores maiores, a composição com uma faixa no painel, sem revestimento externo e a superior almofadada, um fio de luz percorrendo toda a extremidade inferior. Além deste item de luminosa presença à noite, há sensores indicativos para a abertura individualizada de portas, alerta sonoro de faróis acesos.
Virá apenas com 5 portas, em três versões de decoração e composição — Take Up, Move Up e High Up, além da fugaz Connection. Duas opções de motores, ambos de 3-cilindros, 1,0 litro, 12 válvulas. Um, dito MPI, com aspiração atmosférica, 82 cv com álcool e 75 cv com gasolina. Outro, TSI, turbo, mesma conformação, mas gerando 105/101 cv.
Clientes
Insuspeitado marqueteiro, festejado Milton Nascimento canta, “o artista deve ir onde o povo está”. É a base do marketing ir atrás do cliente. Assim, indo, além da demanda por estilo, preço, condições, conectividade, VW percebeu outro item na conta de exigências dos compradores: recorde de consumo. É importante ser o mais econômico no mercado. Por isso submeteu-o a nova avaliação do Inmetro para tê-la, ao momento, como de menor consumo no país.
Há adições importantes como vir equipado com engates Isofix e Top-Tether para retenção de cadeirinhas para crianças. Acima da versão de entrada, bancos traseiros com cintos retráteis, três apoios para cabeça (coisa inexplicável: gente com renda menor pode ser expor a danos maiores em caso de acidente?). Atração lógica é o custo de conserto, dito Índice de Reparabilidade. O Up é o de consertos mais baratos no país.
Área de comunicação da Volkswagen ter-se-á inspirado em algum manual de aviamento de remédios homeopáticos, tratando lançamentos e apresentações em doses pequenas, contidas, como seriadas gotas e bolinhas. No Up está sendo assim. Nesta semana exibiu a nova versão Connect e os dados comuns às demais, conseguindo bom espaço de divulgação. Dia 17, apresentação das demais, e mais espaço gracioso sobre o produto. Após, testes e mais cobertura sem custos. Fonte da marca prometeu versão inesperada, outro gerador de espaço sem ônus para divulgação.
Quer conhecer Renault Kwid e Amarok V6?
Vá ao Salão de Buenos Aires, 10 a 20 de junho. Exposição será nas instalações múltiplo uso de La Rural, cujo pico é, como o batismo esclarece, exposições de semoventes. Na variedade dos cavalos de potência, dentre as novidades, duas serão antecipação ao mercado brasileiro: Renault Kwid e picape VW Amarok 3,0 V6. Sétima edição de segunda fase, mercado local em recuperação, quer atingir 500 mil visitantes e superar os 270 veículos expostos na edição de 2015.
Renault Kwid será novidade da marca francesa, passo de entrada no mercado brasileiro, plotando tê-lo como o carro nacional mais barato do mercado, como foi o antecessor Clio. Mantido o foco, disputará com o sino-paulista Chery QQ, a improváveis R$ 29.990. É hatch, mas chama-lo-ão indevidamente SUV — ou simploriamente jipinho, mania da imprensa não especializada. Pequeno, motorização 1,0 tricilíndrica, 75 cv. Tem a seu favor peso contido, pouco superior a 800 kg. Consequências físicas, boa disposição e respostas com consumo reduzido. Não é o mesmo já em produção na Índia, porém com muitos reforços estruturais para passar na prova de impacto do LatiNCap.
Será produzido no Brasil, mas o Salão portenho é ótima ocasião para apresentá-lo ao desejado mercado argentino. Lançamento local em julho.
Topo
A picape VW Amarok deveria surpreender o mercado com atualização estética, pois já na hora. Mas VW não o fará. Entende, criar opção com motor V6, diesel, por si só será atrativa à aquisição. Motor é comum ao VW Touareg, Audi Q7 e Porsche Cayenne: diesel, seis cilindros em V, 3,0 litros, turbo, produz 224 cv e monumentais 55 m.kgf de torque. Dúvidas quanto à transmissão, com seis ou oito velocidades, automática. Será a picape deste porte com maior capacidade de aceleração, buscando clientes de topo do agronegócio, tipo usuários de botas sob medida, relógio Rolex Daytona, chapéu Stetson. É argentina, mas tem no Brasil seu maior mercado.
Roda a Roda
Gol fica – Com o anúncio pela Volkswagen em relançar linha Polo no Brasil, marca enfatiza ser novo produto, e não substituto do Gol. Família própria terá hatch até o final do ano; sedã Virtus ao início de 2018; utilitário T-Cross ao final. VW mostrou-o como conceito no Salão do Automóvel ano passado.
Ambiente – Decisão legal do Dieselgate, irônico apelido do caso das emissões acima das normas dos motores Volkswagen 2,0 diesel, criaram problema insolvível: Justiça dos EUA obrigou VW recomprar Golfs e Passats com tal motor. Enorme frota se acumula aos milhares, e VW não decidiu solução: vender a países sem ou com menores restrições a emissões poluentes, montando estrutura assistencial; ou desmontá-los a céu aberto, gerando poluição ambiental muito superior às emissões?
De novo – Toyota vende nova geração do RAV4. Cortou a tração nas 4 rodas e simplificou mecânica para tração dianteira, motor 2,0, transmissão CVT, batizando-o RAV4 4×2 CVT Top. A R$ 159.290. RAV4 factibilizou o uso urbano dos veículos com atributos de fora de estrada e abriu caminho aos fabricantes ocidentais. Inspirou-se no Lada Niva, bem bolado jipinho russo, inventor do segmento.
Outra – Fosse feito por empresa com responsabilidade construtiva, o Niva teria passado o rodo no mercado. Mas na vigência e nos eflúvios da cabeça comunista da União Soviética, sem compromisso de qualidade com o mercado, mostrou a fórmula, o caminho, inspirou a quase todas as marcas no mundo.
Papéis – Nissan iniciou construir escritórios de administração da marca na Argentina, dentro da pioneira fábrica de veículos implantada em 1955 pela IKA – braço da Willys-Overland – em Córdoba, 710 km de Buenos Aires. Gerirá produção, vendas internas e externas da picape NP 300 Frontier, invulgar por apresentar-se como Nissan, Renault e Mercedes-Benz. Produção será na área da fábrica atualmente da aliada Renault, a partir de 2018. Fará 12ª geração de picapes Nissan, ora trazida do México.
Antigos – Oitava edição do Auto Argentino, encontro a veículos de produção no vizinho país, organizada pelos sítios Autohistoria e Coche Argentino, e o Rotary Club de Francisco Álvarez. Neste ano, comemorações de 60 anos da Peugeot na Argentina e de lançamento da Willys Rural, lá a IKA Estanciera.
Efervescência – Rumor no mercado de assessoria de comunicação profetiza mudanças em duas marcas. Lugares poucos, candidatos muitos.
Gente – Rogério Louro, carioca, jornalista, promoção. Novo Diretor de Comunicação da Nissan. Fez o impossível com equipe pequena: lançou o Kicks em meio à esmagadora e diuturna atividade de promover os Jogos Olímpicos e acompanhar a tocha símbolo. / Mila Poli, executiva, ascensão. Gerente de Comunicação Externa da Nissan. Estrutura de comunicação Nissan instiga pesquisa de administração. Escritórios espalhados pela América Latina, consultas, palpites e anuências em três cidades diferentes, idiomas diversos, burocracia com a lógica cartorial lusitana. / Cauã Reymond, ator, negócio. Embaixador da linha Range Rover no Brasil. / Registro. 4 de abril marcou a passagem de Karl Benz, factibilizador do automóvel, em 1929.
Coluna anteriorA coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars
Fotos: Fabrício Samahá (Kwid e Amarok)