Esse carro de imagem conquista os proprietários pelo estilo, mas
também apresenta bons equipamentos e liquidez como usado
Texto: Luiz Fernando Wernz – Fotos: divulgação
Em geral os carros concebidos na moda retrô — cuja intenção é reinventar um modelo icônico do passado preservando suas linhas básicas — representam uma fatia limitada de mercado, com consumidores específicos e produção limitada. Nesse nicho não se costuma considerar qualquer racionalidade no projeto. A ordem é que o “novo carro antigo” seja uma compra puramente passional, que associe nostalgia e modernidade. Até mesmo a definição de preços desse segmento é feita com o objetivo de limitar seu público-alvo — veja-se o caso típico do Mini da BMW.
Mas existem exceções à regra, modelos que acabaram se tornando sucesso de mercado e cuja produção passa a ser demandada em larga escala. O Guia de Compra analisa um representante desse grupo que, no início, tinha pretensões mais limitadas de mercado e hoje é bem presente em nossas ruas: o Fiat 500, ou Cinquecento, grafia do número em italiano.
Em outubro de 2009 a Fiat começou a importar o modelo da Polônia em duas versões. A Sport trazia de série controles de estabilidade e tração, auxílio de saída em ladeira (impedia que o carro recuasse ao arrancar), freios com sistema antitravamento (ABS) e distribuição eletrônica de força entre os eixos (EBD), sete bolsas infláveis (duas frontais, duas laterais, duas do tipo cortina e uma para os joelhos do motorista), sistema de comunicação Blue&Me com interface Bluetooth para telefone celular, comandos de ligação por voz e audição de mensagens recebidas por SMS, câmbio manual de seis marchas, ar-condicionado com ajuste manual, direção com assistência elétrica, rádio/CD com MP3 e entrada USB, função Sport que modificava parâmetros do motor e da direção, sensores de estacionamento traseiros, alerta programável de excesso de velocidade, computador de bordo, faróis e luz traseira de neblina, volante de couro com comandos do sistema de áudio e rodas de alumínio de 15 pol.
A versão Sport era uma das duas oferecidas para o 500 polonês; ambas vinham
com motor 1,4 16V de 100 cv, mas a Lounge trazia maior conteúdo de série
Eram oferecidos como opcionais o câmbio automatizado Dualogic com cinco marchas e comandos de trocas manuais no volante, rodas de 16 pol, teto solar com comando elétrico e grande área (que se abria correndo por cima do teto), retrovisor interno fotocrômico e bancos revestidos em couro no lugar da combinação de série, de couro e tecido. A versão mais cara era a Lounge, que acrescentava teto fixo de vidro, ar-condicionado com ajuste automático, detalhes externos cromados e tecido diferenciado no interior. Seus opcionais eram o câmbio Dualogic, teto solar, retrovisor fotocrômico, bancos revestidos apenas em couro e rodas de 16 pol.
Em 2011 a Fiat passou a importar o Fiat 500 do México, o primeiro passo para consolidar o mercado do compacto, tornando-o mais acessível
Era um carro de imagem, sem dúvida. O principal mote de conquista do carrinho era seu visual, simpático e compacto, baseado no homônimo produzido pela marca entre os anos 50 e 70, além das diversas opções de personalização. Apesar disso, o comportamento dinâmico era digno de destaque e contribuía para uma direção ágil, quase esportiva. Já a racionalidade não estava tão presente em seu projeto: havia espaço limitado para os passageiros e o porta-malas de 185 litros era diminuto.
Nessa primeira fase do Fiat 500, ambas as versões eram equipadas com um motor de 1,4 litro e quatro válvulas por cilindro a gasolina, derivado do motor Fire brasileiro. Com potência de 100 cv, não se mostrava muito eficiente em baixas rotações, como costumeiro em motores multiválvula sem variação do tempo de abertura das válvulas. Apesar disso, oferecia desempenho suficiente ao compacto e era econômico. Nessa fase, 2.200 unidades do modelo foram vendidas.
Trazido do México, o 500 ficou mais barato e ganhou a opção de entrada Cult,
com motor de oito válvulas, que não descuidava do conforto e da segurança
Em agosto de 2011 a Fiat passou a importar o Fiat 500 do México, aproveitando a isenção de Imposto de Importação de veículos vindos do país. Foi o primeiro passo dado pela marca para consolidar o mercado do compacto, tornando-o bem mais acessível. Basicamente era o mesmo carro que o polonês, mas por conta de reforços estruturais exigidos para resistir aos testes de impacto dos Estados Unidos — que também recebia o modelo mexicano — houve aumento de peso da ordem de 130 kg.
Havia agora três versões. A de entrada, batizada de Cult, tinha o motor Fire Evo de 1,4-litro e duas válvulas por cilindro, flexível em combustível (o mesmo do Uno) com 85 cv com gasolina e 88 com álcool. Oferecia de série bolsas infláveis frontais, freios com ABS e EBD, controles de estabilidade e tração, direção com assistência elétrica, auxílio de saída em ladeira, rodas de alumínio de 15 pol, ar-condicionado, computador de bordo, configurador de funções, rádio/CD com MP3, ajuste elétrico dos faróis, suporte de cadeira infantil Isofix, banco traseiro bipartido 50:50 e controles elétricos dos vidros, travas e retrovisores. Os opcionais eram câmbio Dualogic, volante revestido em couro com comandos do rádio, controlador de velocidade, teto solar elétrico, interface Bluetooth e sistema de áudio Bose Premium, que incluía alto-falante de subgraves e amplificador.
A versão intermediária Sport Air inaugurava o motor MultiAir de 1,4 litro e quatro válvulas por cilindro, mas movido apenas a gasolina, com 105 cv. O câmbio não era mais de seis marchas, como na versão polonesa, mas de cinco. Fazendo jus ao nome, o Sport Air vinha com rodas de alumínio de 16 pol, saias laterais, defletor traseiro, pinças de freio vermelhas e a remoção dos frisos cromados.
Na nova fase o Sport tornava-se Sport Air, com motor 5 cv mais potente e o visual
enriquecido por para-choques exclusivos, mas o mexicano estava mais pesado
Ela adicionava ao Cult bolsas infláveis laterais nos bancos dianteiros, controlador de velocidade, volante de couro com comandos do rádio, faróis de neblina e bancos esportivos com revestimento parcial em couro. Seus opcionais eram o inédito câmbio automático Aisin com seis marchas, cortinas infláveis, bolsa inflável para os joelhos do motorista, teto solar elétrico, Bluetooth, áudio Bose Premium, ar-condicionado automático, retrovisor fotocrômico e bancos de couro.
A versão de topo continuava sendo a Lounge, que adicionava ao pacote da Sport Air teto de vidro fixo, bancos em tecido de luxo com logotipo no encosto, retrovisores e frisos cromados; as rodas exclusivas eram de 15 pol. Tinha o mesmo motor MultiAir do Sport, mas com câmbio automático de série. Seus opcionais eram cortinas infláveis, bolsa inflável para os joelhos do motorista, sensores de estacionamento traseiros, ar-condicionado automático, teto solar elétrico, Bluetooth, áudio Bose Premium, retrovisor fotocrômico, bancos de couro e rodas de 16 pol.
No lançamento do 500 mexicano também foi oferecida uma série limitada em 500 unidades chamada Prima Edizione (primeira edição), derivada do Sport Air, que trazia teto, retrovisores e defletor traseiro em preto, faixas laterais, rodas de 16 pol em preto, costuras em vermelho no volante e nos bancos, painel na cor grafite, logotipo Prima Edizione nos encostos dianteiros e número do exemplar no lado direito do painel. Com câmbio manual apenas, as cores disponíveis nessa série eram branco, cinza e vermelho.
O acabamento externo e interno do Lounge Air buscava sofisticação; nele era
padrão o câmbio automático de seis marchas em vez do automatizado
O motor MultiAir foi uma novidade técnica bem-vinda. O controle da entrada de ar nos cilindros era feito por um acionamento eletro-hidráulico das válvulas de admissão, o que dispensava para esse fim a borboleta de aceleração — responsável por perdas por bombeamento quando o acelerador não é pressionado a fundo. O novo câmbio automático de seis marchas trazia quatro modos de condução (normal, esportivo, para pisos de baixa aderência e manual) e adaptação para pisos inclinados, que evitava a “caça de marchas” em subidas de serra e permitia a obtenção de freio-motor em descidas. O controle de ponto-morto desengatava o câmbio nas paradas, voltando a engrená-lo quando o pedal do freio fosse liberado.
Em outubro de 2012 a Fiat passou a oferecer o Fiat 500 Cabrio, um “quase conversível”, no qual apenas a seção do teto e sua junção com o vidro traseiro eram rebatíveis, sem atingir as colunas laterais. Baseado na versão de topo Lounge Air (que deixava de ser importada), o Cabrio mantinha seus equipamentos e o motor MultiAir; podia ter a capota de lona na cor preta ou vermelha.
Junto com o 500 Cabrio foi lançada a série especial Gucci. Requintada, teve apenas 50 exemplares, com diferenciais como friso cromado no centro do capô, rodas de alumínio de 16 pol exclusivas, inscrição Gucci na coluna das portas, faixas laterais nas cores verde e vermelho e retrovisores com as capas cromadas. Vinha de série com câmbio automático, teto solar elétrico, volante bicolor, bancos em couro, sistema de áudio Bose Premium, retrovisor fotocrômico, sistema Blue&Me e sensores de estacionamento; o motor era o MultiAir 1,4 16V.
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