Na série II de 1978 do Galaxie, novidades como faróis de iodo, pneus radiais, para-brisa laminado e volante de quatro raios
A ignição eletrônica substituía condensador e platinado na linha Galaxie 1979, o que aprimorava o funcionamento do motor e facilitava a manutenção. A embreagem hidrodinâmica para o radiador reduzia o consumo de energia e o ar-condicionado, enfim, estava integrado ao painel. O Galaxie 500 era eliminado, restando LTD e Landau, este apenas com caixa automática.
Em agosto daquele ano a Ford apresentava a Edição Especial do Landau, oferecida somente na cor Bordeaux Scala metálica, que celebrava os 60 anos da marca no País. Em uma plaqueta dourada na tampa do porta-luvas constava “Edição Especial – 60º. Aniversário da Ford Brasil S.A.”. A produção da série ficou, segundo estimativas, entre 250 e 300 exemplares.
A cor vinho e uma plaqueta no painel marcavam a edição limitada do Landau, em 1979, alusiva aos 60 anos da Ford
A Auto Esporte comparou o Landau ao Dodge Le Baron: “Em sofisticação o Le Baron ganha. Ele tem bancos mais acolhedores, todos com encosto para cabeça, e estofamento mais macio. O Landau vence em nível de ruído interno e espaço interno: tem os bancos mais largos e pode acomodar, sem apertos, até seis adultos. A estabilidade de ambos pode ser considerada boa”. O Dodge ainda teve melhor desempenho, mas o Ford oferecia o maior porta-malas.
A Edição Especial do Landau, oferecida apenas em cor vinho, celebrava os 60 anos da Ford no País com uma plaqueta dourada na tampa do porta-luvas
O motor 302 ganhava versão a álcool na linha 1980 — opção comemorada por muitos pela economia de pelo menos 10% no custo por quilômetro rodado, apesar do maior consumo. Não era o único incentivo do governo federal ao combustível renovável: o carro recolhia apenas metade da TRU (Taxa Rodoviária Única), os prazos para financiamento eram maiores e o abastecimento podia ser feito aos sábados, algo então proibido para carros a gasolina.
Além de taxa de compressão mais alta, o V8 a álcool adotava coletor de admissão de alumínio e tomada de ar quente do coletor de escapamento, para lidar com a maior dificuldade de queima do combustível. A aplicação de gasolina na partida a frio era automática, mas podia ser reforçada pelo motorista pelo uso de um botão no painel caso a temperatura estivesse muito baixa.
O motor a álcool trazia redução no custo de rodagem; agora em azul, o Landau 1980 ganhava novos bancos e ajustes na suspensão
As duas versões de combustível recebiam novo coletor de escapamento e revisão do conversor de torque da caixa automática, a fim de reduzir o consumo. O chamado azul Clássico, muito elegante, era agora a principal cor do Landau. Nos para-lamas traseiros havia pequenas lanternas no lugar dos antigos refletores. Outras mudanças eram bancos redesenhados, abertura elétrica do porta-malas acionada no porta-luvas, suspensão traseira com estabilizador e cintos dianteiros retráteis, ainda de dois pontos.
A Auto Esporte testou o LTD automático a álcool, que acelerou de 0 a 100 km/h em 13,1 segundos e alcançou a máxima de 167 km/h: “Potência e torque mais elevados se traduzem em melhores arrancadas. Ele é mais rápido que muitos carrinhos esporte que rodam por aí. O consumo mais elevado (média geral de 4 km/l) tem compensação no preço mais baixo do álcool. É um automóvel confortável, de bom desempenho, seguro, silencioso, ótimo para cidade e melhor ainda para estrada. E não pode mais ser considerado um esbanjador de divisas”.
No último teste do Landau a álcool, a Quatro Rodas observou que “se fosse projetado hoje, ele não teria o sólido chassi perimetral, que lhe proporciona uma rigidez torcional fora do comum para os padrões atuais. O acabamento é excelente, pelo cuidado da mão-de-obra e pela elevada qualidade do material. A troca de combustível não muda o rendimento, com marcas adequadas ao peso e potência”.
Fim de linha para um grande carro: apenas na versão Landau, o confortável sedã despedia-se em 1983 após 77 mil unidades
Cintos dianteiros de três pontos e novas pinças de freio vinham na linha 1981, junto da luzes de ré incorporadas às lanternas — assim, ficavam duas vermelhas e uma branca de cada lado. Esse era o último ano para o LTD: o fim do grande sedã estava próximo.
Em 2 de abril de 1983, mesma data do lançamento do Galaxie 16 anos antes, o Landau — carro oficial de autoridades governamentais e o preferido pelos altos executivos — entrava para a história, depois de 77.647 unidades produzidas entre todas as versões. Por anos a Ford continuou a receber insistentes pedidos de clientes fiéis, inconformados com ter de substituir por modelos menores os eternos topos de linha da indústria nacional.
Mais Carros do PassadoUma carona no prestígio
O carisma que o Galaxie conquistou pode ser medido pelos usos posteriores de seu nome em outros modelos da Ford, ainda que com diferente grafia. Na Europa, a marca chamou de Galaxy uma minivan fabricada desde 1995 em três gerações (à esquerda a primeira delas). O Versailles brasileiro, clone do Volkswagen Santana, também recebeu esse nome quando vendido na Argentina (à direita).
Entre 2005 e 2007, o grande sedã que veio substituir o Taurus no mercado norte-americano recebeu o nome Five Hundred (500), de certo modo também uma referência a modelos do passado como Galaxie 500, Fairlane 500 e Torino 500.
Ficha técnica
Galaxie 500 (1967) | LTD Landau (1971) | Landau (1981) | |
Motor | |||
Posição e cilindros | longitudinal, 8 em V | longitudinal, 8 em V | longitudinal, 8 em V |
Comando e válvulas por cilindro | no bloco, 2 | no bloco, 2 | no bloco, 2 |
Cilindrada | 4.458 cm³ | 4.785 cm³ | 4.949 cm³ |
Potência máxima* | 164 cv a 4.400 rpm | 190 cv a 4.600 rpm | 199 cv a 4.600 rpm |
Torque máximo* | 33,4 m.kgf a 2.400 rpm | 37 m.kgf a 2.600 rpm | 39,8 m.kgf a 2.400 rpm |
Alimentação | carburador de corpo duplo | carburador de corpo duplo | carburador de corpo duplo |
Transmissão | |||
Tipo de caixa e marchas | manual, 3 | manual ou automática, 3 | automática, 3 |
Tração | traseira | traseira | traseira |
Freios | |||
Dianteiros | a tambor | a tambor | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor | a tambor | a tambor |
Antitravamento (ABS) | não | não | não |
Suspensão | |||
Dianteira | independente, braços sobrepostos | independente, braços sobrepostos | independente, braços sobrepostos |
Traseira | eixo rígido | eixo rígido | eixo rígido |
Rodas | |||
Pneus | 7,75-15 | 7,75-15 | 215/70 R 15 |
Dimensões | |||
Comprimento | 5,33 m | 5,33 m | 5,41 m |
Entre-eixos | 3,02 m | 3,02 m | 3,02 m |
Peso | 1.780 kg | 1.795 kg | 1.840 kg |
Desempenho | |||
Velocidade máxima | 165 km/h | 165 km/h | 150 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 15 s | 13 s | 15 s |
* Método bruto; dados de desempenho aproximados |